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Bolsonaristas usam desculpas esfarrapadas para justificar o fiasco do ato na Paulista

Manifestação em defesa do líder da tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023 flopou em São Paulo
- Fonte: Brasil 247 29/06/2025 21:07 - Atualizado 30/06/2025 09:04
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A manifestação organizada neste domingo (29) na avenida Paulista em apoio a Jair Bolsonaro (PL) evidenciou o esvaziamento da base bolsonarista nas ruas. Apesar da mobilização intensa promovida pelo pastor Silas Malafaia, que organizou e financiou o evento, e da presença de figuras políticas influentes da extrema direita, o público presente foi significativamente menor do que em atos anteriores. Segundo dados do Monitor do Debate Político da USP, o pico de participantes foi de apenas 12 mil pessoas — menos de um terço dos 44,9 mil registrados em abril deste ano. A informação é da Sputnik Brasil, que acompanhou in loco a manifestação.

O evento ocorreu em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), com um trio elétrico estacionado na altura da rua Peixoto Gomide. Entre bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, apoiadores empunhavam cartazes contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da atmosfera de protesto, o clima era de constrangimento entre os aliados diante do número reduzido de presentes.

Justificativas frágeis e discursos reciclados

Diante do evidente fracasso de público, líderes bolsonaristas recorreram a explicações pouco convincentes. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) culpou a data e as dificuldades financeiras dos apoiadores: “É o penúltimo dia do mês, o nosso povo vem sempre pagando passagem, mais as despesas de Uber”, afirmou.

Silas Malafaia, por sua vez, tentou relativizar a baixa adesão, dizendo que “o número de participantes seria menos importante que o teor de seu discurso”. A tentativa de minimizar o fiasco, no entanto, contrastava com o objetivo central do ato: pressionar o STF no momento em que Bolsonaro é réu em múltiplas ações penais e articulava, informalmente, seu retorno ao cenário eleitoral de 2026.

Discurso golpista velado e slogan trumpista

Em cima do palanque, Jair Bolsonaro reforçou seu discurso de vitimização, negou ter articulado qualquer tentativa de golpe — “Nenhuma arma foi apreendida. Que tentativa armada é essa?” — e voltou a pedir anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. “É o caminho da pacificação”, disse, fazendo referência à Constituição.

O ex-presidente também fez projeções eleitorais e mirou no Congresso: “Se me derem [...] 50% da Câmara e do Senado, eu mudo o destino do Brasil. E digo mais, nem preciso ser presidente”, declarou. Em outro trecho, evocou o slogan do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Make Brazil Great Again” (“faça o Brasil grande de novo”), sinalizando mais uma vez sua aliança simbólica com a ultradireita internacional.

A defesa da maioria legislativa, segundo Bolsonaro, garantiria o controle de todo o Parlamento: “Com essa maioria, nós elegeremos o nosso presidente da Câmara, o nosso presidente do Senado, o nosso presidente do Congresso Nacional, a maioria das comissões de peso no Senado e na Câmara. Não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República.”

Plateia esvaziada, palanque cheio

Apesar do público acanhado, o ato contou com a presença de quatro governadores bolsonaristas: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC). Em seu discurso, Tarcísio atacou diretamente o Partido dos Trabalhadores: “O Brasil não aguenta mais o PT. Vamos dar essa resposta no ano que vem.”

Também presente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou a tese de perseguição ao pai, chamando os processos contra o ex-presidente de “inquisitórios”.

Lançamento informal de campanha

Embora inelegível, Bolsonaro usou o palanque para ensaiar sua volta ao jogo político com vistas a 2026. O ato funcionou como uma espécie de pré-lançamento informal de sua campanha, centrada na retórica antissistema, na mobilização de sua base evangélica e na pressão sobre o Judiciário.

Ao final, o fracasso de público demonstrou que, fora das redes sociais e da bolha ideológica, o bolsonarismo encontra dificuldades crescentes para mobilizar massas. A tentativa de criar um novo 7 de setembro esvaziou-se em pleno coração da avenida Paulista.

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