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Brasília- DF

Cid Revela Obsessão de Bolsonaro por Fraude nas Urnas e Pressão por Relatório Anti-TSE

- Fonte: Com informações agências 09/06/2025 22:59 - Atualizado 12/06/2025 13:22
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, fez revelações contundentes nesta segunda-feira (9) durante seu depoimento no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. Em uma sessão marcada por detalhes sobre a atuação do ex-presidente, Cid afirmou que a “grande preocupação” de Bolsonaro sempre foi encontrar fraudes nas urnas eletrônicas, com o objetivo de “convencer” as Forças Armadas a intervir na transição de governo.

Segundo o delator, a busca por uma fraude era "muito ostensiva" na opinião de Bolsonaro. "A expectativa é que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que nós vimos era uma busca por uma fraude nas urnas. Com a fraude nas urnas, poderia convencer as Forças Armadas a fazer alguma coisa", declarou Cid, detalhando a estratégia que visava desestabilizar o processo democrático.

Pressão por Relatório Militar "Duro" e Minuta Golpista

Cid também confirmou a pressão exercida por Bolsonaro em 2022 sobre o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para a elaboração de um relatório das Forças Armadas que questionasse a integridade do sistema eleitoral. O ex-ajudante de ordens afirmou que Bolsonaro desejava um "documento duro" contra as urnas eletrônicas.

Apesar da participação das Forças Armadas em uma comissão de fiscalização das eleições, o relatório final não encontrou fraudes, sugerindo apenas possíveis falhas sem apresentar evidências de vulnerabilidades. Cid revelou que, após as eleições, um relatório já pronto sobre as urnas, com reunião agendada para entrega ao TSE, foi cancelado sob pressão de Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acredita que essa mudança nas conclusões fazia parte de uma estratégia para descredibilizar as eleições e justificar uma possível intervenção militar.

As revelações de Cid reforçam a persistente insistência de Bolsonaro, desde 2021, em questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas, mesmo sem apresentar provas. Após sua derrota nas eleições de 2022, o ex-capitão teria tentado usar as Forças Armadas para semear desconfiança nos resultados eleitorais.

Bolsonaro Modificou Minuta do Golpe e Manteve Prisão de Moraes

No mesmo depoimento, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro modificou a chamada "minuta golpista", documento que previa uma tentativa de golpe de Estado. Segundo Cid, Bolsonaro “enxugou” o documento, tornando-o mais curto e retirando a previsão de prisão de diversas autoridades, mantendo apenas a detenção do ministro Alexandre de Moraes.

"Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões.8 Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não", afirmou Cid ao STF, detalhando as alterações feitas pelo ex-presidente. A minuta, que teria sido apresentada a Bolsonaro em duas ou três reuniões, inicialmente listava "possíveis interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e no processo eleitoral", mencionando vários ministros do Supremo e presidentes do Senado e da Câmara.

Cid Nega Pressões e Lamenta Vazamentos

Antes de detalhar as ações de Bolsonaro, Mauro Cid reiterou que todas as suas declarações prestadas à Polícia Federal foram de livre e espontânea vontade, sem coação ou pressão. Ele afirmou que apenas contou o que sabia sobre os eventos, negando qualquer tipo de influência externa.

No entanto, o tenente-coronel expressou frustração com os vazamentos de áudios seus à imprensa, publicados pela revista Veja. Cid classificou os áudios como um "desabafo de momento difícil" que ele e sua família estavam enfrentando, citando o impacto em sua carreira e vida financeira. "Áudios vazados da minha filha, minha carreira desabando, vida financeira acabada… O que gerou uma crise pessoal psicológica muito grande, o que nos leva a certo desabafo com amigos e pessoas próximas, nada de maneira oficial, acusatória", explicou Cid ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. Ele afirmou que nos áudios criticava "generais, políticos" e que era uma forma de "desabafar" o que o estava "corroendo".

Interrogatórios

De hoje até sexta-feira (13), Alexandre de Moraes vai interrogar presencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e mais seis réus acusados de participarem do "núcleo crucial" de uma trama para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o resultado das eleições de 2022.

Confira a ordem dos depoimentos:

  1. Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  2. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  3. Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  4. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  5. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  6. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  7. Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  8. Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro.

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