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Brasília- DF

Mauro Cid é o primeiro do núcleo crucial da quadrilha de Bolsonaro a depor no STF

É a primeira vez que Bolsonaro e Mauro Cid estarão no mesmo ambiente. Clima é de guerra e advogados temem que Alexandre de Moraes determine a prisão dos membros da organização criminosa no banco dos réus.
- Fonte: Revista Forum 09/06/2025 22:37 - Atualizado 13/06/2025 20:32
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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência e delator da tentativa de golpe de Estado, o tenente coronel Mauro César Cid é o primeiro réu do núcleo crucial da quadrilha criminosa a depor aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Cezar Bittencourt, advogado de Cid, chegou à corte por volta das 13h30 e não conversou com jornalistas.

O depoimento ocorrerá presencialmente na sala de sessões da Primeira Turma do STF, onde também estarão outros seis réus do chamado "núcleo crucial" da trama golpista - apenas Walter Braga Netto vai acompanhar por videoconferência, da cela em que está preso no Comando Militar Leste (CML), no Rio de Janeiro.

Os interrogatórios serão feitos um a um, com cada réu sendo chamado à tribuna posicionada no centro da sala, diante de Moraes e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A estrutura contará com dois assentos: um para o réu e outro para seu advogado. A ordem das perguntas começa com Moraes, seguida pela acusação e, por fim, pela defesa. 

O primeiro a ser ouvido será Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo. Em seguida, os demais réus prestarão depoimento em ordem alfabética:

  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin)
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
  • Jair Bolsonaro (ex-presidente da República)
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), que será o único ouvido por videoconferência

Esta será a primeira vez que o ex-presidente estará fisicamente no mesmo ambiente que Cid, com quem conviveu diariamente nos quatro anos de seu mandato. 

Prisão

"Estou preparado para uma guerra", declarou um dos advogados que acompanhará o depoimentos dos membros do núcleo crucial da organização criminosa.

A declaração foi dada, de forma anônima, à coluna de Lauro Jardim, do Jornal O Globo, e reflete a tensão em torno dos depoimentos dos acusados de serem os líderes da tentativa de golpe em 2023, que estarão frente a frente com Alexandre de Moraes e ao lado do delator do esquema, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência.

O receio de uma abordagem dura de Moraes e da resposta que pode ser dada por Bolsonaro e seus cúmplices gera ainda o temor da possibilidade de decretação de uma prisão durante a oitiva.

A estratégia de guerrilha desenhada pelos advogados é focada especialmente em Mauro Cid, que será alvo de uma saraivada de perguntas e acusações, na tentativa desesperada dos acusados de desqualificar o delator. 

O ataque mais forte contra Cid deve ser disparado pelo advogado de Braga Netto, José Luís de Oliveira Lima, o Juca, que fez uma das sustentações mais duras, chamando o tenente coronel de "mentiroso", na sessão em que o STF transformou os indiciados em réus, em março.

"O colaborador Cid, que mente — e mente muito —, apresentou um vídeo para sugerir um suposto vínculo do general Braga Netto com os manifestantes. No entanto, tratava-se de um encontro no Palácio da Alvorada, sem qualquer relação com os atos nos quartéis", argumentou.

Bolsonaro convocou os extremistas para acompanhar as sessões e tumultuarem o chat da transmissão, que será transmitida ao vivo pelo canal do YouTube do STF e replicada por diversos perfis.

Ataques

Em um encontro com correligionários no domingo (8), Bolsonaro mostra que, pelo menos sem estar frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, não perde a bazófia e o tom intimidador de um personagem autoritário.

Falando sobre a expectativa do depoimento, Bolsonaro começou em tom messiânico e cheio de elipses para terminar em ameaça, inicialmente apenas no tom do discurso, mas potencializada no vídeo na rede X, que termina com música ameaçadora, daquelas que antecedem uma cena de violência no cinema.

"É hora da verdade. E ela se fará presente, no meu entender, para o bem dessa grande nação, que é a terra prometida do Ocidente. Não faltarão (sic) entendimento entre nós. Não faltará a responsabilidade para cada um de como importante é a política. Agora nós ficamos muito tempo afastados da política. O mal cresceu. As cadeiras vazias foram ocupadas por pessoas más. Tentaram de tudo, sobrou a fumaça do golpe. Vocês daqui nos fazem recarregar as baterias, nos faz (sic) sentirmos que estamos no caminho certo. Segunda, terça e quarta estarei no Supremo, ao vivo para as televisões, para responder, para falar o que aconteceu ao longo de meu mandato e do oito de janeiro Temos um objetivo: liberdade aos presos políticos. E isso acontecerá mais cedo ou mais tarde!".

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