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Maranhense revoluciona tratamento de queimaduras com 'pele artificial' inovador

Estudante de Imperatriz usa ingrediente regional em projeto que será apresentado em feira internacional nos Estados Unidos 
- Fonte: Com informações O Imparcial 06/05/2025 20:40 - Atualizado 08/05/2025 02:09
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Sofia Mota Nunes, uma estudante de 16 anos da cidade de Imperatriz, na região Tocantina do Maranhão, desenvolveu uma inovação promissora no tratamento de queimaduras. Seu projeto, uma espécie de "pele artificial", garantiu a ela uma vaga na Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), considerada a principal feira de ciência pré-universitária do mundo, que acontecerá de 10 a 16 de maio em Columbus, Ohio, nos Estados Unidos.

Sofia será a única representante do Maranhão entre cerca de 1.800 jovens de 80 países presentes no evento. A vaga para a ISEF foi conquistada através da Mostratec-Liberato, a mais antiga mostra brasileira de pesquisa júnior credenciada na feira americana, com participação contínua desde 1993. Neste ano, a Mostratec-Liberato celebra sua 32ª edição na ISEF e credenciou 13 finalistas de oito estados brasileiros.

O projeto de Sofia destaca-se como o mais inovador do Maranhão: um curativo em forma de película fina projetado para acelerar a cicatrização de queimaduras de segundo grau e, em casos mais graves, substituir a epiderme danificada.

Orientada pelo professor Carlos Fonseca Sampaio, da Escola Santa Teresinha, Sofia desenvolveu uma película que age protegendo a ferida, promovendo a hidratação do tecido e estimulando o crescimento celular. Em testes de laboratório, o material demonstrou ser resistente e flexível, capaz de se ajustar aos contornos do corpo sem se romper. Análises microscópicas revelaram que as fibras formadas na estrutura do curativo se assemelham à morfologia da pele humana, indicando uma união sólida entre seus componentes.

A base da "pele artificial" é composta por quitosana, substância extraída de carapaças de crustáceos, e ácido acético a 5%. A eles, foram adicionados hidrogéis e ácido hialurônico para aumentar a retenção de umidade. A albumina fornece nutrientes essenciais para a regeneração, enquanto o óleo de buriti, fruto típico da região amazônica e maranhense, confere propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes ao curativo.

"O produto busca tornar o tratamento de queimaduras mais acessível, independentemente da extensão da área afetada", explica Sofia Mota.

Além da economia de recursos, a proposta de Sofia responde a uma necessidade do sistema de saúde brasileiro. Atualmente, o tratamento de queimaduras graves frequentemente depende de materiais importados de alto custo ou de métodos como o auto-enxerto, que geram mais despesas e prolongam o tempo de internação hospitalar. Um curativo de produção local, como o desenvolvido por Sofia, tem o potencial de reduzir significativamente gastos e acelerar a recuperação dos pacientes.

Refletindo sobre o impacto de sua descoberta, a jovem cientista ressalta a dimensão humana de seu trabalho. "Acredito no potencial da minha proposta para ajudar as pessoas de forma acessível, tanto fisicamente quanto psicologicamente", afirma.

Em Ohio, durante a ISEF, Sofia terá a oportunidade de trocar experiências com colegas de diversas partes do mundo e conhecer os avanços mais recentes em bioengenharia de tecidos. A participação na feira internacional pode abrir portas para estágios, bolsas de estudo e parcerias com universidades de renome mundial, representando um passo gigantesco não apenas para a carreira da estudante, mas também para dar visibilidade à pesquisa científica desenvolvida no Maranhão.

Ao todo, 13 estudantes brasileiros oriundos dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Amapá estarão representando o país na Mostra Internacional.

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