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Papa Leão XIII: quem foi o pontífice que inspirou Prevost e mudou a história da Igreja

Doutrina Social da Igreja pode dar indícios de como será o papado do primeiro papa estadunidense (e peruano) da história
- Fonte: Revista Forum 08/05/2025 23:50 - Atualizado 09/05/2025 15:53
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Leão XIV foi o nome papal escolhido por Robert Prevost, cardeal estadunidense naturalizado peruano escolhido como pontífice nesta quinta-feira (8).

A decisão do nome papal indica, em muitos casos, qual será a tônica do papado vindouro. O escolhido pelo Conclave 2025 voltou a um dos nomes mais importantes da Igreja, Leão, e pode indicar qual será a trajetória dos próximos anos no Vaticano.

Aliado de Francisco e com forte conexão com a América Latina, a escolha de Prevost por Leão pode remontar ao seu antecessor Leão XIII, um dos mais longevos pontífices da história, conhecido por sua importante contribuição para o pensamento social do catolicismo no último século.

Quem foi Leão XIII

Leão XIII, nascido Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci, foi papa da Igreja Católica entre 1878 e 1903. Seu pontificado foi marcado por um esforço notável de aproximação entre a Igreja e o mundo moderno, num momento de grandes transformações sociais, políticas e econômicas.

Ele é amplamente reconhecido como o pai da Doutrina Social da Igreja, sobretudo por sua encíclica Rerum Novarum, publicada em 1891, que estabeleceu as bases para o pensamento social católico nos séculos seguintes.

Antes de se tornar papa, Pecci teve uma carreira diplomática significativa e ocupou cargos importantes dentro da hierarquia eclesiástica, como núncio apostólico e arcebispo. Sua formação intelectual sólida e seu envolvimento com os problemas do mundo moderno prepararam-no para um papado voltado à renovação do papel da Igreja em questões sociais.

Ao assumir o pontificado, buscou abrir um diálogo entre a fé católica e as novas correntes do pensamento filosófico, científico e político, sempre com a intenção de preservar os valores cristãos em meio à modernidade.

Rerum Novarum

A encíclica Rerum Novarum, cujo título significa “Das coisas novas”, foi uma resposta direta aos desafios colocados pela Revolução Industrial, pelo crescimento do capitalismo liberal e pela emergência do socialismo.

Nela, Leão XIII aborda a condição da classe trabalhadora, a relação entre capital e trabalho, a função do Estado e o papel da Igreja nas questões sociais.

Leão XIII defende o direito natural à propriedade privada, mas também afirma que essa propriedade deve cumprir uma função social.

Os empregadores, segundo ele, têm obrigações morais para com os trabalhadores, devendo pagar salários justos, garantir condições dignas de trabalho e respeitar os direitos humanos. Ao mesmo tempo, reconhece o direito dos trabalhadores à organização em sindicatos — um ponto inovador e, à época, considerado ousado.

A Encíclica, contudo, também afastava a Igreja da luta de classes socialista e colocava um distanciamento entre os movimentos populares marxistas e o cristianismo, mas serviu de base para uma Igreja que se aproximava do mundo moderno.

Esses princípios viriam a ser aprofundados por papas posteriores, mas ganharam mais força através de Francisco, que retomou e atualizou ensinamentos da Rerum Novarum em novas encíclicas sociais.

Além da sua contribuição doutrinária, Leão XIII também promoveu a renovação do pensamento católico por meio do incentivo ao estudo de Santo Tomás de Aquino, buscando uma síntese entre fé e razão.

Com isso, consolidou um modelo de atuação da Igreja mais engajado com os desafios contemporâneos, sem abrir mão de seus fundamentos teológicos.

Em resumo, Leão XIII foi um papa visionário, cuja ação inaugurou a moderna Doutrina Social da Igreja, oferecendo uma resposta cristã aos problemas da injustiça social e da desumanização trazida pelo novo modelo econômico-industrial. 

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