Segunda, 21 de Abril de 2025

MENU

--°C

Carregando...

Dólar R$ --

Euro R$ --

PUBLICIDADE

Siga-nos:

5 anos após 1ª morte no Brasil, acervo de documentos expõe negacionismo da gestão Bolsonaro

Cinco anos após a primeira morte por covid-19 no Brasil, repositório digital reúne 250 documentos que evidenciam a atuação do governo na disseminação de desinformação e no enfraquecimento do combate à pandemia.
- Fonte: Da Redação 14/03/2025 11:04 - Atualizado 21/04/2025 16:19
Ouça a matéria

No dia 12 de março de 2024, data que marca o quinto aniversário da primeira morte por covid-19 no Brasil, foi lançado o Acervo da Pandemia, um repositório digital com cerca de 250 documentos que expõem o negacionismo e a política da morte adotada pelo governo do então presidente Jair Bolsonaro durante a crise sanitária.

O acervo, organizado pelo SoU_Ciência, reúne textos, vídeos e áudios que comprovam a atuação do governo e de seus aliados na disseminação de desinformação, no incentivo ao uso de medicamentos ineficazes, na negação da vacina e no boicote a medidas sanitárias.

"O material do acervo foi reunido e analisado com base em critérios científicos. Ele comprova como um sistema [de poder formado por agentes públicos e privados] coordenado e articulado, que beneficiou interesses econômicos e políticos, colocou em risco a vida da população brasileira ao incentivar práticas anticiência", destaca o SoU_Ciência.

A iniciativa se baseia no conceito de necropolítica, do historiador camaronês Achille Mbembe, que explica como determinados agentes do poder decidem quem vive e quem morre em uma sociedade.

Documentos autoincriminatórios

O acervo reúne documentos que comprovam a atuação do governo Bolsonaro e de seus aliados na disseminação de desinformação e no enfraquecimento das medidas de combate à covid-19. Alguns desses materiais contêm discursos autoincriminatórios e evidenciam as condutas que levaram à ampliação do número de mortes evitáveis no Brasil.

Desinformação e evidências científicas

O acervo está estruturado em 17 temas, como uso de máscara, contágio e imunização de rebanho, tratamento precoce, lockdown e impacto na economia, ética e autonomia médica, Caso Manaus, além de 16 categorias de agentes ou atores envolvidos.

Alguns itens do acervo são identificados com um selo que alerta sobre a presença de desinformação ou de posicionamentos contrários às evidências científicas. Esses itens também receberam uma seção intitulada "O Que Diz a Ciência", na qual são esclarecidas as informações falsas ou imprecisas, com base em evidências científicas.

A pandemia no Brasil

O primeiro caso de covid-19 no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020. A primeira morte pela doença no país ocorreu em 12 de março de 2020, em São Paulo.

A escalada de casos e mortes e a demora de decretos federais de restrição de circulação foram decisivos para a interiorização dos casos que levaram a quase 700 mil mortes no país, apenas no governo Jair Bolsonaro, de 2020 a 2022. Em abril de 2021, o Brasil chegou a registrar mais de 4 mil mortes por dia.

Caso Manaus

No início de 2021, o Amazonas já enfrentava a falta de oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde. A crise na saúde do estado levou familiares de pacientes infectados por covid-19 a buscarem cilindros de oxigênio por conta própria para tentar evitar que seus parentes morressem por asfixia.

Para a professora de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Deyse Ventura, o que aconteceu na capital amazonense foi um crime.

"Manaus é um dos muitos episódios que, na nossa memória, passados quase cinco anos, pode ser interpretado como incompetência e nós estamos aqui para lembrar que não foi negligência e nem incompetência, foram crimes que tiveram cúmplices", disse ela à equipe do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, em episódio sobre os cinco anos do início da pandemia.

Vacina

A vacina contra a covid-19 chegou ao Brasil no início de 2021. O diretor-geral do laboratório Bio-manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma, avalia que a produção do imunizante em tão pouco tempo ocorreu graças ao empenho de profissionais da ciência em todo o mundo.

A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a tomar a vacina contra a covid-19 no país. Ela recebeu uma dose do imunizante pouco depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado o uso emergencial da Corona Vac, vacina contra o novo coronavirus produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

O Acervo da Pandemia está disponível gratuitamente no site do SoU_Ciência.

PUBLICIDADE