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Retomada de políticas para mulheres sob Lula enfrenta onda conservadora

Ana Rocha, ex-assessora do Ministério das Mulheres, destaca avanços como a recriação da pasta, mas alerta para legado de desmonte bolsonarista e a necessidade de ampliar a participação política
- Fonte: Portal Vermelho 10/03/2025 17:17 - Atualizado 18/04/2025 11:38
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No Entrelinhas Vermelhas, programa semanal do Portal Vermelho, Ana Rocha*, jornalista e militante histórica da causa feminista, é a convidada às vésperas do 8 de Março, o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Durante a entrevista, ela aponta as pautas em debate no governo, mas alerta para a resistência conservadora aos avanços para mulheres, legado do ambiente bolsonarista.

Durante cerca de uma hora, a ex-assessora do Ministério das Mulheres destaca a recriação da pasta como símbolo da retomada de políticas públicas após o desmonte do governo Bolsonaro. “O ministério é um avanço, mas ainda enfrenta orçamento limitado”, afirma. Entre as iniciativas, ela cita:

 

  • Combate à violência: meta de construir 40 Casas da Mulher Brasileira até 2026;
  • Igualdade salarial: decreto para reduzir disparidade (mulheres ainda ganham 20% menos que homens);
  • Política de cuidados: creches, lavanderias coletivas e outros serviços para reduzir a sobrecarga doméstica, que atinge principalmente mães solo (40% dos lares brasileiros).

 

Ana Rocha critica o desmonte de estruturas sob Bolsonaro: “Fecharam equipamentos e cortaram verbas, o que retrocedeu décadas de luta”.

Violência política de gênero: “A caça às bruxas da modernidade”

A especialista compara assassinatos como os de Marielle Franco e Margarida Alves à perseguição histórica a mulheres que desafiam o poder. “Quando uma líder se destaca, a reação conservadora é brutal”, diz. Ela defende a criação de um sistema de proteção similar à Lei Maria da Penha para vítimas de violência política, já que parlamentares e ativistas hoje arcam com custos de segurança e defesa jurídica.

Autonomia econômica X precarização: o nó do trabalho feminino

Ana Rocha ressalta que a entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho não se traduziu em emancipação. “Engels dizia que a libertação viria com a redução do trabalho doméstico, mas ele só aumentou”, observa. Ana critica a uberização e a ideologia do empreendedorismo: “Isso isola as mulheres. A saída está em cooperativas e projetos coletivos”.

Feminismo emancipacionista: “Classe, raça e gênero são pilares indivisíveis”

Questionada sobre as correntes feministas, Rocha defende o viés marxista adotado pelo PCdoB: “Não existe mulher genérica. A opressão é vivida de formas distintas por negras, indígenas e pobres”. Ela critica visões fragmentadas: “Judith Butler reflete uma realidade específica, mas o neoliberalismo incentiva divisões. Precisamos de uma luta unificada”.

Exemplos de avanço citados:

 

  • Cotas raciais e de gênero na Argentina e Bolívia, onde mulheres ocupam 40% dos parlamentos;
  • Projetos como o Manifesto dos 99%, que integra pautas anticapitalistas ao feminismo.

 

“Mais mulheres na política para frear o retrocesso”

Para Ana Rocha, a saída está na ocupação de espaços de poder: “Precisamos de creches, mas também de vereadoras, deputadas e ministras”. Ela encerra com um chamado para o 8M: “Este 8 de Março deve ser de luta contra a fome, por emprego digno e pelo direito de existir fora da esfera privada”.

Ana Rocha: Uma trajetória dedicada à luta das mulheres

Jornalista, psicóloga e mestre em serviço social, Ana Rocha construiu uma carreira sólida na defesa dos direitos das mulheres. Fundadora da Revista Presença da Mulher e primeira vice-presidente nacional da UBM (União Brasileira de Mulheres), ela também presidiu o PCdoB no Rio de Janeiro por quase 20 anos.

Rocha possui vasta experiência em políticas públicas, tendo atuado como Secretária de Políticas para as Mulheres da Prefeitura do Rio e Assessora de Gênero do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro. Atualmente, é chefe de gabinete da Deputada Federal Enfermeira Rejane e Coordenadora Nacional do Centro de Estudos e Pesquisa da UBM.

Com publicações importantes sobre a realidade das trabalhadoras e a evolução da ótica de gênero, Ana Rocha é uma referência na luta pela emancipação feminina no Brasil.

O programa completo está disponível no YouTube e Spotify do Portal VermelhoAssista a íntegra da entrevista:

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