Anvisa suspende venda de creme dental da Colgate após relatos de reações adversas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, na última quinta-feira (27), a suspensão da comercialização de todos os lotes do creme dental Colgate Total Clean Mint. A medida, de caráter preventivo e temporário, visa proteger a saúde da população diante da investigação de relatos de reações adversas associadas ao produto, que substitui a linha Total 12 da marca.
A suspensão terá duração inicial de 90 dias, período em que a Anvisa aprofundará as investigações sobre as notificações de efeitos indesejados. Embora não haja, por ora, uma determinação de recolhimento dos produtos, a agência orienta que o creme dental seja separado e não seja exposto para venda ou uso. A recomendação é para que a comercialização e o consumo sejam interrompidos até que a segurança do produto seja comprovada.
Uma das hipóteses levantadas pela Anvisa é que a inclusão do fluoreto de estanho na formulação do creme dental possa ser a causa das reações relatadas pelos consumidores. Os sintomas notificados incluem lesões bucais, sensações dolorosas e de queimação/ardência, inflamação gengival e edema labial.
Em nota, a Anvisa destacou que "estes sintomas têm impactado significativamente a qualidade de vida dos consumidores, resultando, em alguns casos, em custos médicos, afastamento do trabalho, dificuldades para se alimentar e se comunicar, e sofrimento emocional".
Como identificar o produto suspenso:
A Anvisa orienta os consumidores a verificarem a embalagem do produto. Aqueles que possuem a embalagem secundária (cartucho de cartolina) devem procurar pelo número de processo na Anvisa, que é 25351.159395/2024-82. Já para quem possui apenas a bisnaga, a recomendação é verificar se a composição contém "fluoreto estanoso".
Notificação de reações adversas:
A agência reguladora solicita que consumidores que sofreram eventos indesejados relacionados ao uso do produto comuniquem o ocorrido imediatamente através dos canais de notificação Limesurvey e e-Notivisa.
Colgate silencia e Procon notifica:
A Agência Brasil tentou contato com a Colgate para obter esclarecimentos sobre a suspensão, mas não obteve sucesso. A empresa também não se manifestou sobre o assunto em suas redes sociais até o fechamento desta reportagem.
Diante da situação, o Procon-SP notificou a Colgate para que a empresa preste esclarecimentos sobre as providências que está adotando em função da suspensão. O órgão de defesa do consumidor questiona a multinacional sobre como os consumidores podem identificar os produtos interditados, quais os lotes envolvidos e quais as orientações prévias foram dadas.
Reações raras, mas possíveis:
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) se manifestou sobre o caso, informando que todos os ingredientes utilizados em dentifrícios são aprovados pela Anvisa como seguros à saúde e que reações são consideradas raras. Pesquisas da área apontam que a sensibilidade pode estar relacionada aos agentes flavorizantes (essências de óleos) e ao detergente aniônico lauril sulfato de sódio.
O cirurgião-dentista Jaime Aparecido Cury, da Unicamp, explica que algumas marcas substituíram o fluoreto de sódio por fluoreto estanhoso em suas fórmulas. "Porém, as reações adversas bucais que têm sido relatadas não podem ser atribuídas ao íon flúor (fluoreto) porque este é comum nas duas formulações", afirma.
O uso do estanho na formulação tem como objetivo melhorar a prevenção de doenças da gengiva devido à sua eficácia antibacteriana. O Crosp ressalta que as reações observadas geralmente cessam após a interrupção do uso do produto e recomenda a suspensão em caso de sintomas.
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