Número de famílias com dívidas em atraso cai no Brasil
Pelo segundo mês consecutivo, o percentual de famílias endividadas no Brasil apresentou queda, atingindo 76,1% em janeiro, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar da redução no número de endividados, o estudo aponta para um aumento no comprometimento da renda com dívidas e para uma percepção de endividamento mais alta entre os brasileiros.
Em janeiro, 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade dos seus rendimentos para o pagamento de dívidas, o maior percentual desde maio de 2024. Em média, as famílias brasileiras comprometeram 30% dos seus ganhos com essa finalidade, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior.
O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, avalia que os juros elevados e a seletividade do crédito têm levado os consumidores a contrair menos dívidas, o que, por sua vez, aumenta a percepção de endividamento. Ele destaca que a leve melhora na inadimplência indica um esforço das famílias para equilibrar as finanças, mas alerta para o comprometimento crescente da renda, que acende um sinal de alerta para a economia em 2025.
A pesquisa também revela que menos famílias estão com dívidas em atraso, representando agora 29,1% do total, comparado com 29,3% em dezembro. O percentual de famílias que não têm condições de pagar o que devem também apresentou recuo, passando de 13% para 12,7%. Apesar disso, os resultados ainda se mantêm acima dos patamares observados em janeiro de 2024.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que, apesar da queda do endividamento, as dívidas estão consumindo uma parcela maior da renda das famílias, especialmente por causa dos juros altos e prazos mais curtos. Ele adverte que esse cenário pode manter a inadimplência em patamares elevados nos próximos meses.
A análise do endividamento por faixa de renda revela que houve queda entre as famílias que ganham mais de dez salários mínimos e entre as que ganham até três salários mínimos. No entanto, as famílias mais vulneráveis, com renda de até três salários mínimos, foram o único grupo em que o percentual de endividamento aumentou na comparação com janeiro de 2024.
A saída da inadimplência também se mostra um desafio. A redução da parcela de consumidores com dívida em atraso ocorreu apenas entre os que ganham de três a cinco salários mínimos.
O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores. Em contrapartida, destacam-se o crédito pessoal e os carnês, que apresentaram aumento na comparação anual.
Apesar da recente melhora nos índices de endividamento e inadimplência, a CNC alerta que o endividamento das famílias pode voltar a crescer ao longo do ano, impulsionado pela necessidade de recorrer ao crédito para consumo e pela manutenção de juros elevados. A previsão é de que os percentuais comecem a subir a partir de março, fechando 2025 com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% inadimplentes.
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