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Bolsonaristas torram dinheiro da Câmara em vinho, cordeiro à caçadora e até trilha em Bonito (MS)

21/12/2024 21:56 - Atualizado 09/01/2025 14:50
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 Apesar de bebidas alcoólicas não serem permitidas, a Câmara pagou pelo drinque.

O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Câmara dos Deputados pagou R$ 212 milhões em cotas parlamentares para os seus 513 deputados ao longo deste ano, de acordo com o levantamento feito pelo Estadão.

O recurso pode ser usado para custear viagens, alimentação, locomoção, anúncios da atividade parlamentar ou aluguel de carros. No entanto, a verba foi utilizada para pagar vinho no Uruguai e passagens para Bonito (MS).

Todo mês, os deputados devem apresentar notas fiscais para que a Câmara reembolse as despesas vinculadas às suas funções parlamentares. Quando o gasto não se enquadra nas regras definidas pela Casa, o setor responsável glosa a nota, ou seja, o valor não é pago.

Em 2024, foram barradas cerca de R$ 1 milhão em despesas por irregularidades ou por excederam os limites estipulados.

O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS), que faz parte do Parlamento do Mercosul (Parlasul), pediu o reembolso de R$ 480,22 por duas notas fiscais em Montevidéu, no Uruguai. Uma delas, no valor de R$ 286,62, incluía o consumo de duas taças de vinho e um cordeiro na brasa em um restaurante localizado na Colônia de Sacramento, que fica a cerca de 178 km da capital.

Apesar de bebidas alcoólicas não serem permitidas, a Câmara pagou pelo drinque.

Segundo Cherini, o erro não foi seu. A Câmara tem muitos funcionários só para cuidar de notinha. Não pode passar. Jamais vou fazer coisas que não estão dentro da lei, justificou.

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). Foto: Michel Jesus/Agência Câmara

Ainda neste ano, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou a cota parlamentar para pagar R$ 3,8 mil em passagens aéreas para a cidade de Bonito (MS), ponto turístico conhecido pelas belezas naturais. A bolsonarista foi vista, junto ao marido, fazendo uma trilha em um parque no município.

Questionada, a parlamentar disse que estava na cidade para participar de um evento político-partidário em um sítio do interior sul-matogrossense. Entretanto, Zambelli não compartilhou nenhum registro sobre o evento em suas redes sociais.

O deputado Átila Lins (PSD-AM) foi o que mais gastou dinheiro da cota parlamentar neste ano, com um total de R$ 577,2 mil. A maior parte desse valor foi destinada ao fretamento de aeronaves (R$ 311,8 mil) e à divulgação de atividades parlamentares (R$ 108,3 mil).

Parlamentares amazonenses costumam usar mais do recurso de fretamento de aeronaves devido à dificuldade de locomoção entre cidades do Estado.

Deputados podem solicitar reembolso da Câmara por meio da cota parlamentar caso gastem com:

  • Passagens aéreas (foram gastos R$ 31,3 milhões);
  • Conta telefônica do telefone funcional do deputado, dos gabinetes, dos escritórios nos Estados e dos imóveis funcionais (foram gastos R$ 25,8 milhões);
  • Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar caso de aluguel de imóveis, energia elétrica, água e esgoto, acesso à internet, etc. (foram gastos R$ 29,2 milhões);
  • Assinatura de publicações, como jornais (foram gastos R$ 71,5 mil);
  • Alimentação exclusivamente do deputado (foram gastos R$ 1,1 milhão);
  • Hospedagem, exceto no Distrito Federal (foram gastos R$ 3,3 milhões);
  • Locação ou fretamento de aeronaves (foram gastos R$ 1,8 milhão);
  • Locação ou fretamento de veículos, com limite de R$ 12.713,00 mensais e permitida contratação de seguro (foram gastos R$ 37,9 milhões);
  • Locação ou fretamento de embarcações (foram gastos R$ 221,7 mil);
  • Serviços de táxi, Uber, pedágio e estacionamento, com limite de R$ 2.700 mensais (foram gastos R$ 1 milhão);
  • Passagens terrestres, marítimas ou fluviais (foram gastos R$ 116,7 mil);
  • Combustíveis e lubrificantes, com limite mensal de R$ 9.392 (foram gastos R$ 20,9 milhões);
  • Serviços de segurança de empresas especializadas, com limite de R$ 8.700,00 mensais (foram gastos R$ 1,38 milhão);
  • Divulgação da atividade parlamentar, com a exceção dos 120 dias anteriores à data das eleições, se o deputado for candidato (foram gastos R$ 81,8 milhões);
  • Participação em cursos, congressos ou eventos, realizados por instituição especializada, com limite mensal de R$7.697,17 (foram gastos R$ 54,9 mil);
  • Complementação de auxílio-moradia, com limite mensal de R$ 4.148,80 (não houve gasto do tipo);
  • Aquisição de tokens e certificados digitais (foram gastos R$ 14,6 mil).
Fonte: DCM 

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