O que esperar de 2025? (E de 26, 27 e 28)
O caxiense quer mudança na vida da cidade, no modo de administração e de gestão, que venham a resolver os velhos problemas que enfrentamos cotidianamente
Imagem: Praça Senador Cândido Mendes com Travessa Desembargador Morato - Comercio informal, moto na contramão, caminhão descarregando de forma imprópria, poluição visual. Um dia normal na cidade.
Ano novo, mas velhos desafios a serem enfrentados. Em 1º de janeiro de 2025, todos os municípios brasileiros tiveram renovados por mais quatro anos o seu quadro executivo e legislativo – pelo menos teoricamente. É que reeleições intermináveis de vereadores, ex-vereadores que dominavam secretarias municipais, além de familiares que recebem o bastão para dar seguimento ao revezamento na administração pública é bastante comum no Brasil, principalmente em nossa região. E Caxias, claro, não é diferente.
No legislativo caxiense dos 19 vereadores apenas 8 assumem a cadeira pela primeira vez. E desses oito eleitos, dois tem sobrenome de peso na política local. No executivo, iremos para 12 anos de família Gentil à frente da Prefeitura. Além de secretarias municipais continuarem com seus padrinhos e candidatos derrotados nas eleições ocupando as demais. Na verdade, aqui, quase nada muda.
Mas o recado dado nas urnas há pouco mais de três meses atrás foi bem claro: o caxiense quer mudança.
Senão vejamos: O candidato Gentil Neto tinha a seu favor a máquina administrativa da Prefeitura de Caxias, quase a totalidade de vereadores, o governador do estado Carlos Brandão, 03 Deputados Estaduais, 01 Deputada Federal, 1 Ministro de Estado e o Presidente Lula. Ganhou com 48,70% dos votos contra 48,07 de seu oponente. Foi uma diferença de apenas 565 votos em um universo de 92.648 votos computados.
Isso nos leva a questionar no que teria ocorrido para um candidato que tinha tanto ganhar por uma margem tão pequena. Faltou mais apoio político? Mais acomodações na máquina? Mais festas? Mais praças a reformar? Acredito que não.
Por isso a conclusão que podemos tirar é essa, que o caxiense quer mudança na vida da cidade, no modo de administração e de gestão, que venham a resolver os velhos problemas que enfrentamos cotidianamente.
Os três pilares básicos de saúde, educação e segurança é algo historicamente problemático e conflituoso e não depende apenas de ações locais, pois é um problema regional e nacional. É preciso reconhecer que uma administração municipal não conseguirá resolver essas três apenas em “canetadas”. Isso requer um bom planejamento de curto, médio e longo prazo além de uma governança entre poderes.
O problema mais perceptível que enfrentamos em nosso cotidiano e que desde o início desse século vem crescendo é o ordenamento espacial urbano da cidade, principalmente de seu centro. E se pensar bem, isso também está relacionado a segurança, saúde, educação e economia.
Não conseguimos mais andar na cidade – nem na rua e nem nas calçadas; cidade cada vez mais quente – sem sombras e cidade asfaltada; comercio informal tomando conta do espaço público; motos e carros estacionados de qualquer forma; trânsito pesado e descontrolado; imóveis sem uso e abandonado; uma paisagem central feia e confusa causada pela poluição visual.
Um bom planejamento urbano pode impactar nas políticas de segurança pública e na educação quando criam espaços de lazer e entretenimento nas regiões periféricas e dão opções a crianças e jovens. A segurança e saúde também se reflete quando se dá garantias ao pedestre, ciclista e motorista condições de uma boa circulação pela cidade – menos acidente, menos trânsito – quando se encara a mobilidade urbana sustentável como um projeto de infraestrutura.
E a economia? Garantindo a circulação de pedestres na cidade, afinal quem compra é gente na calçada e não carro estacionado. Casarões históricos que poderiam servir de habitação ou ter um uso adequado podem ser restaurados e reinseridos na vida, garantindo a memória histórica e melhorando a paisagem e vida no centro.
São pautas delicadas, mas que precisam ser encaradas com seriedade e um bom planejamento. Isso significa romper com velhos e convenientes modos de se fazer política e administração pública aqui nessa cidade.
O que os nossos gestores e políticos precisam (começar) a compreender é que a cidade necessita rever a sua infraestrutura que hoje se resume a asfalto na rua e praça reformada. Precisamos avançar, e muito, nas questões profundas que estão nos colocando cada vez mais a cidade de Caxias em posições desfavoráveis no ranking estadual.
Então, o que Caxias deve esperar desses quatro anos: um arquiteto voltado a pautas técnicas de melhorias de infraestrutura, legislação, organização e gestão democrática ou apostar (novamente) em uma permanência confortável da máquina administrativa focada em obras bienais 25-26 (eleições estaduais) e bienal 27-28 (reeleição municipal)?
O que devemos esperar para o futuro de nossa cidade?
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