Vereadora é Presa por Suspeita de Ligação com Facção Criminosa em Teresina 

A vereadora Tatiana Medeiros (PSB), cujo mandato na Câmara Municipal de Teresina teve início em janeiro deste ano, permanece presa preventivamente após decisão do juiz Luís Henrique Moreira Rêgo, do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), em audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (4). A parlamentar foi detida na última quinta-feira (3) pela Polícia Federal, sob a suspeita de envolvimento com uma facção criminosa e de ter sua campanha eleitoral de 2024 financiada com recursos ilícitos.

A prisão de Medeiros é um desdobramento da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada em dezembro de 2024, que investiga a influência de organizações criminosas nas eleições municipais. Na ocasião, a ONG Vamos Juntos, fundada e administrada pela vereadora na zona Norte de Teresina, foi alvo de buscas, culminando na apreensão de R$ 100 mil em espécie e no levantamento de suspeitas de lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanha. As investigações também apuram possíveis desvios de verbas públicas destinadas à entidade.

Em decorrência da prisão, a Justiça Eleitoral determinou o afastamento de Tatiana Medeiros de suas funções na Câmara Municipal. Por ser advogada, a vereadora cumprirá a prisão preventiva no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar do Piauí (PMPI), conforme autorização judicial após solicitação da defesa, com base no Estatuto da Advocacia. A juíza Melissa Pessoa, do TRE-PI, confirmou a medida, explicando que atendeu ao direito previsto no estatuto da advocacia.

A defesa da parlamentar, em entrevista coletiva após a audiência de custódia, manifestou sua discordância com as medidas cautelares. O advogado Edson Araújo afirmou que "não existe nenhum motivo para as cautelares", classificando o inquérito eleitoral como referente a fatos da eleição passada, sem elementos novos que justifiquem a prisão e o afastamento.

Eleita com 2.925 votos, Tatiana Medeiros, além de sua atuação política, é conhecida por seu trabalho à frente da ONG Vamos Juntos. Contudo, a entidade também foi atingida pelas decisões judiciais, tendo suas atividades suspensas e sendo proibida de receber novos repasses financeiros.

A prisão da vereadora ocorre em um contexto de desgaste político dentro do PSB. Em março deste ano, a direção do partido em Teresina já havia decidido afastá-la da secretaria-geral da sigla e instaurar um processo na comissão de ética em decorrência das investigações eleitorais. A medida, segundo o partido, visava preservar sua imagem e garantir o direito de defesa da vereadora.

Ademais, em novembro de 2024, o namorado de Tatiana Medeiros, Alandilson Cardoso Passos, foi preso em Belo Horizonte (MG) durante a Operação Denarc 64, que investigou uma organização criminosa por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Passos foi detido em um hotel onde estava com a vereadora, pouco antes de embarcar para São Paulo. Na ocasião, Medeiros não foi alvo da investigação.

As investigações sobre o caso seguem em andamento, e a população aguarda por novos desdobramentos.