Portugal: Deputado de extrema direita fazia programa com garoto de 15 anos
Parlamentar de Lisboa, do Chega, tem forte discurso antipedofilia e propunha castração química para estupradores. Novo escândalo, após roubo de malas, devasta o “bolsonarismo” luso
O Chega, principal partido de extrema direita de Portugal e terceira maior força parlamentar na Assembleia da República, nem sequer se recuperou do escândalo do deputado dos Açores que roubava malas em aeroportos, surgido há três semanas, e já tem um novo problema, talvez até maior que o anterior.
Um parlamentar de Lisboa integrante da agremiação política que se inspira abertamente no bolsonarismo tornou-se réu nesta quinta-feira (6) num inquérito da polícia e do Ministério Público que o acusa de ter realizado um programa sexual com um adolescente de 15 anos. Nuno Pardal, da Câmara Municipal lisboeta, sempre se mostrou como um politico com fortíssimo discurso antipedofilia e um defensor da castração química para criminosos sexuais.
De acordo com a denúncia, Pardal teria conhecido um garoto de 15 anos num aplicativo de relacionamento voltado ao público gay. Pouco depois, eles passaram a conversar pelo WhatsApp e então ficou marcado um encontro para que fizessem sexo oral mutuamente em troca de um pagamento de 20 euros (aproximadamente R$ 120) ao menor.
Tempos depois, o deputado do Chega insistiu que queria repetir o programa com o adolescente, mas ele teria se negado. Os pais do menino, estranhado o comportamento dele, conseguiram acessar seu celular e encontraram as trocas de mensagens entre os dois, o que os fez procurar as autoridades para denunciar o crime que havia ocorrido, de prostituição infantil. A idade de consentimento em Portugal é de 16 anos, diferentemente do Brasil, onde é de 14. Já para trabalhos sexuais é preciso ser maior de 18 anos.
“Vou pedir renúncia de mandato, como é óbvio”, afirmou Nuno Pardal, que é também o vice-presidente do Diretório Distrital do Chega em Lisboa e figura relativamente próxima de André Ventura, que gosta de ser referido como “o Bolsonaro português”, líder máximo do partido em nível nacional e que emula o líder brasileiro em tudo.
Numa entrevista à agência Lusa, Pardal não negou que tivesse algum nível de envolvimento com o adolescente, ainda que seja assumidamente um militante contra esse tipo de prática e integrante de um partido homofóbico. No entanto, ele deu outra versão para os fatos, mesmo que sem detalhá-la.
“A única coisa que posso lhes dizer é que os fatos que estão descritos, alguns, ou seja, os mais graves, não correspondem à verdade... Neste momento, a acusação, aquilo do qual eu sou acusado, não corresponde à verdade”, disse. Pelo tom da resposta e o posicionamento de alguns de seus interlocutores, a defesa do parlamentar alegará que ele não sabia que o rapaz era menor de 18 anos.
Acostumado com a truculência e a violência do Chega, visto que os integrantes na bancada da Assembleia da República chegaram até a ameaçar de agressão o deputado Miguel Arruda, do caso do roubo das malas, Pardal já se apressou em isentar o partido para manter a imagem do grupo ultrarreacionário.
“Não quero implicar o partido em nada disto, porque isto não é um problema político, é um problema pessoal e, portanto, eu enquanto cidadão tenho logicamente direito à minha defesa e à minha presunção de inocência, principalmente”, afirmou ainda.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Mais lidas
