Maranhão está se firmando como um importante centro para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, anunciou um investimento de R$ 30 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para a construção de uma fábrica de propelentes no estado. A iniciativa, que tem como base o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), visa impulsionar a produção de veículos lançadores de pequeno porte (VLPP) e garantir a soberania nacional no lançamento de satélites.
A ministra cumpriu agenda em São Luís na última quinta-feira (23), onde visitou o Laboratório de Propulsão Aeroespacial (Acrux Aerospace) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e acompanhou o lançamento de um protótipo de VLPP. “Esta área é parte da Estratégia Nacional de Defesa e do Programa Espacial Brasileiro, que tem na Base de Alcântara uma posição privilegiada. Isso cria uma nova realidade, até mesmo para a economia do Maranhão”, afirmou a ministra, ao lado do governador do estado, Carlos Brandão, e do reitor da UFMA, Fernando Carvalho Silva.
O projeto do VLPP, desenvolvido por pesquisadores e parceiros da UFMA, é contratado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com recursos do FNDCT, em parceria com um consórcio liderado pela empresa AKAER. A Acrux é responsável pelo desenvolvimento dos motores foguetes S-30 e S-18, e a nova fábrica de propelentes, que será construída em São Luís, será crucial para o abastecimento desses motores.
“Estamos anunciando R$ 30 milhões para a construção dessa fábrica de propelentes. Essa iniciativa será associada a projetos de veículos lançadores de pequeno porte, uma tecnologia que o Brasil ainda não domina completamente. Até 2026, o Brasil, pela primeira vez, não precisará mais lançar satélites fora do país. Isso é histórico, representa soberania nacional”, destacou Luciana Santos. A ministra também enfatizou o potencial do investimento para gerar desenvolvimento, empregos qualificados e renda para o estado, além de contribuir para a redução das desigualdades regionais.
O governador Carlos Brandão ressaltou a vantagem estratégica do Maranhão para o setor espacial: “Temos a localização privilegiada. Alcântara está a apenas dois graus abaixo da linha do Equador, o que reduz em 30% o custo de lançamento de foguetes, devido à economia de combustível”. Brandão também citou a expansão do cabeamento da Infovia, que chegará à Base de Alcântara, como um fator que melhorará a conectividade da região.
Além do VLPP liderado pela AKAER, o programa espacial brasileiro inclui outros dois projetos de veículos lançadores, também contratados pela Finep: um segundo VLPP, coordenado pela empresa CENIC, e o veículo R.A.T.O (Rocket Assisted Take Off), projetado para transportar o veículo hipersônico 14-X até a atmosfera. A previsão é que os três projetos sejam lançados em Alcântara até o final de 2026, com um investimento total de R$ 486,8 milhões.
O reitor da UFMA, Fernando Carvalho Silva, destacou a importância da parceria entre a universidade e o setor produtivo, e mencionou a submissão de uma proposta para um edital de Parque Tecnológico da Finep, visando atrair mais empresas e fortalecer o desenvolvimento tecnológico no estado.
Centro de Pesquisas Espaciais em estudo
O MCTI também está estudando a criação de um Centro de Pesquisas Espaciais no Maranhão, com foco no desenvolvimento de veículos lançadores e satélites. Uma comissão formada por representantes da Finep, da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e da UFMA terá 90 dias para apresentar uma proposta de financiamento. O centro será integrado ao futuro Parque Tecnológico do Maranhão, fortalecendo ainda mais o estado como um polo estratégico para o programa espacial brasileiro.
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