Faixas de golpistas em quartéis eram produzidas com militares no Planalto, diz relatório da PF
Bolsonaristas protestam pedindo golpe de Estado e intervenção militar no fim das eleições em 2022 Foto: Reprodução |
A Polícia Federal (PF) revelou que faixas usadas em manifestações antidemocráticas nos quartéis foram elaboradas por militares ligados ao Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro (PL). A informação consta no inquérito que resultou no indiciamento do ex-presidente e outras 36 pessoas, incluindo o general Mario Fernandes, que atuava no gabinete do ex-chefe do Executivo.
Mensagens de áudio e documentos mostram que Fernandes e o coronel George Hobert Oliveira Lisboa, assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência, coordenaram a produção de materiais como panfletos e faixas. Em um dos diálogos, de novembro de 2022, Hobert orienta sobre a criação de cartazes com frases como SOS Forças Armadas e Não à ditadura do Judiciário. Segundo a PF, as ações visavam mobilizar atos no Quartel-General do Exército.
A investigação encontrou registros de materiais impressos, além de mensagens que reforçam a estratégia de dificultar a identificação dos responsáveis. Uma delas recomendava que os conteúdos fossem compartilhados apenas com pessoas confiáveis e excluídos após o envio. Os planos incluíam causar transtornos em Brasília para criar um cenário caótico, com o objetivo de justificar a intervenção das Forças Armadas e impedir a diplomação de Lula.
Outra mensagem destacada no inquérito mostra o coronel Hobert avaliando que as manifestações poderiam desencadear um efeito dominó para pressionar instituições democráticas. Porém, ele também reconheceu que as represálias do Judiciário poderiam enfraquecer os movimentos. É necessário que a reação seja o mais rápido possível, declarou Hobert em conversa com Fernandes.
A PF aponta que o planejamento era detalhado e incluía frases que exaltavam as Forças Armadas e contestavam a legitimidade das eleições. Além disso, o general Mario Fernandes teria parabenizado integrantes da equipe pela elaboração dos materiais de propaganda, indicando envolvimento direto nas ações golpistas.
Os materiais analisados também indicam tentativas de ofuscar a participação de autoridades. Em um comunicado interno, os envolvidos orientaram que as mensagens não fossem compartilhadas em grupos e que fossem apagadas após o envio, reforçando a intenção de evitar rastros digitais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF |
As evidências destacam o papel central de militares na coordenação dos protestos, desmentindo a narrativa de que as manifestações eram espontâneas. Segundo a PF, as ações foram planejadas para criar instabilidade política e justificar medidas extremas que pudessem alterar o resultado eleitoral.
Os documentos ainda mencionam estratégias de desgaste ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, classificadas como campanhas de propaganda antidemocrática.
Fonte: DCM
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